- Gregório... presta a atenção... a gente precisa conversar. Senta. Olha, ahn, é uma coisa bem difícil de dizer, mas eu vou.
É o seguinte, a nossa relação, o nosso namoro, não nossa amizade, eu adoro conversar com você e rir com você, voce é um cara muito engraçado e inteligente, mas o nosso namoro, se é que a gente pode chamar essa relação de namoro, tá passando por uma fase meio conturbada pra mim. Tá ficando meio sério, a gente já conhece os amigos uns dos outros e jajá eu vou conhecer a sua família e voce a minha, e eu não sei se eu to pronta. Entende?
Eu to meio confusa, e eu até acho injusto falar isso pra você, porque eu sei que voce é um cara muito legal e tal...
Não é nada contra você, eu até gosto de você, mas eu acho que tá ficando íntimo demais. Eu não lido bem com intimidade demais, eu preciso do meu espaço.
Não é pra ficar bravo comigo, ou chateado. Eu quero que a gente continue amigo quando essa conversa acabar. Eu queria que a relação continuasse do jeito que tá, mas como dizia Parmênides, as coisas estão em constante movimento, e eu sei que não dá pra estatizar a relação.
Eu sei que se a gente continuar com esse namoro a gente vai deixar as coisas mais sérias, então eu tava pensando e cheguei a conclusão que talvez seja melhor a gente terminar.
Mas olha, eu quero que a gente continue amigo que nem sempre, e quero que voce saiba que voce ainda vai encontrar alguém que te valorize mais do que eu, e que esteja pronta pra uma relação dessas.
Você é um cara muito legal, eu me diverti muito, e eu gosto muito de você, mas eu acho que não dá mais.
Não fica chateado, por favor, não fica.
É que eu acho que talvez você esteja levando isso mais a sério do que eu, que voce esteja gostando mais de mim do que eu de você.
Meu deus como é difícil dizer isso. Não é bem terminar porque a gente não tinha nada oficial, é um afastamento. E a gente ainda vai conversar normal.
Fala alguma coisa.
O que você acha?
- Tá.
- Oi?
- Tá.
- Gregório, eu não quero que você fique chateado, tudo bem?
- Não estou.
- Tem certeza? nem um pouquinho? Pode falar se estiver.
- Não, tá tudo bem.
- Mesmo?
- Mesmo.
- Então acho que a gente se vê?
- Quem sabe.
Ela ligou pra ele 12 vezes durante a tarde, 23 durante a madrugada, e 2 na manhã seguinte. Mas, dessa vez, ele não estava pronto.
sábado, 28 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Na gaveta.
Ela escreveu um texto que resumia em palavras toda a dor que ela sentia, um texto sincero, sem rodeios, que explicitava todos os pensamentos, as frustrações, e as mágoas que ela sentia com relação à família, vida e amigos.
Ela não publicou. Com medo que as pessoas se machucassem com a sinceridade demais.
Ela não publicou. Com medo que as pessoas se machucassem com a sinceridade demais.
domingo, 8 de novembro de 2009
Falência hepática
- Oi amor! Como voce tá?
- Com pressa. Me segue que a gente vai atualizando.
- Ok, o que aconteceu com voce?
- To acabada.
- Porque?
- Fui a um enterro hoje.
- Nossa, que merda.
- Pois é. Uma merda. Parece que quem morreu fui eu.
- A energia desses lugares é péssima, né?
- Super.
- Morreu porque?
- Torceu o pé.
- Anda mais devagar. Como assim morreu porque torceu o pé?
- Assim ué, torceu o pé foi pro hospital e morreu.
- Mas torceu quanto? Fratura exposta e hemorragia?
- Não, torceu o pé e foi pro hospital, quando passaram Gelol descobriram que o cara era alérgico e empipocou tudo.
- Alergia mata?
- Mata. Mas ele não morreu disso.
- Morreu do que?
- Deixa eu terminar a história.
- Ta. Anda mais devagar se não eu não acompanho a história e o passo.
- To com pressa, mesmo.
- Ta, eu dou uma corridinha, minhas pernas são mais curtas que as suas.
- Só uns centímetros.
- Não quero falar sobre isso. Continua.
- Então ai a alergia atacou o fígado, que já não era muito bom porque ele bebia um pouco.
- Morreu de falência hepática?
- Não. É que junto com o fígado começou a falhar uns outros órgãos.
- Falência múltipla de órgãos?
- Não. E olha que ele tinha uns problemas no coração, mas não.
- Nossa, problema no coração porque?
- A idade eu acho.
- Quantos anos ele tinha?
- 83.
- é...
- Então ai, o corpo ficou fraco e o cara pegou uma gripe.
- Dentro do hospital?
- Pois é.
- Que irônico, né?
- Super.
- Então morreu de gripe?
- Não, ele estava melhorando, ai decidiram contar que a neta tava grávida.
- Morreu porque a neta tava grávida?
- Lógico que não.Ele não podia sofrer emoções fortes. E ele enfartou.
- Nossa, que horror.
- O que?
- Morrer por uma notícia que era pra deixar ele melhor.
- Quem disse que ele morreu?
- Ué, você não foi no enterro?
- Fui, mas ele não morreu por isso.
- Pelo enfarte?
- É, ele sobreviveu.
- Nossa. Pra onde você ta indo?
- Entregar essas pastas. Esse salto ta me matando.
- Você não devia trabalhar de salto. Continua.
- Então decidiram colocar um marca passo.
- Coitado, morreu na cirurgia?
- Não, não precisou fazer.
- Porque?
- Morreu antes.
- Arritmia?
- Não, traumatismo craniano.
- Problema cardíaco causa traumatismo?
- Acho que não.
- Então...?
- Antes da cirurgia ele foi ao banheiro.
- Qual a relevância?
- Quando ele foi ao banheiro morreu.
- Ainda não entendi como.
- Pra chegar ao banheiro tem uma escada, ele caiu da escada.
- Bateu a cabeça e morreu?
- Exato.
- AI!
- Que foi?
- Torci meu pé.
- Nossa, ta feio mesmo.
- Ta doendo. Leva essas pastas pra mim na sala da Cláudia.
- Levo.
- Rápido!
- Ok, não quer que eu te leve no hospital?
- Não, obrigada.
- É melhor, ai eles fazem uns exames e passam alguma coisa nesse pé.
- Não, já to boa.
- Você tá pulando num pé só.
- Vamo, eles examinam bonitinho.
- Mas e o enterro?
- Esquece o enterro, vamos e eles passam alguma coisa.
- Promete que não vai ser Gelol?
PS: Primeiro o Bonaldi, agora o Tyler. O que será das minhas quintas a noite?
Boa sorte internacional pra vocês. Escritores exilados. E saibam que esse forno de cidade é mais legal. Muito mais legal.
Ou não.
- Com pressa. Me segue que a gente vai atualizando.
- Ok, o que aconteceu com voce?
- To acabada.
- Porque?
- Fui a um enterro hoje.
- Nossa, que merda.
- Pois é. Uma merda. Parece que quem morreu fui eu.
- A energia desses lugares é péssima, né?
- Super.
- Morreu porque?
- Torceu o pé.
- Anda mais devagar. Como assim morreu porque torceu o pé?
- Assim ué, torceu o pé foi pro hospital e morreu.
- Mas torceu quanto? Fratura exposta e hemorragia?
- Não, torceu o pé e foi pro hospital, quando passaram Gelol descobriram que o cara era alérgico e empipocou tudo.
- Alergia mata?
- Mata. Mas ele não morreu disso.
- Morreu do que?
- Deixa eu terminar a história.
- Ta. Anda mais devagar se não eu não acompanho a história e o passo.
- To com pressa, mesmo.
- Ta, eu dou uma corridinha, minhas pernas são mais curtas que as suas.
- Só uns centímetros.
- Não quero falar sobre isso. Continua.
- Então ai a alergia atacou o fígado, que já não era muito bom porque ele bebia um pouco.
- Morreu de falência hepática?
- Não. É que junto com o fígado começou a falhar uns outros órgãos.
- Falência múltipla de órgãos?
- Não. E olha que ele tinha uns problemas no coração, mas não.
- Nossa, problema no coração porque?
- A idade eu acho.
- Quantos anos ele tinha?
- 83.
- é...
- Então ai, o corpo ficou fraco e o cara pegou uma gripe.
- Dentro do hospital?
- Pois é.
- Que irônico, né?
- Super.
- Então morreu de gripe?
- Não, ele estava melhorando, ai decidiram contar que a neta tava grávida.
- Morreu porque a neta tava grávida?
- Lógico que não.Ele não podia sofrer emoções fortes. E ele enfartou.
- Nossa, que horror.
- O que?
- Morrer por uma notícia que era pra deixar ele melhor.
- Quem disse que ele morreu?
- Ué, você não foi no enterro?
- Fui, mas ele não morreu por isso.
- Pelo enfarte?
- É, ele sobreviveu.
- Nossa. Pra onde você ta indo?
- Entregar essas pastas. Esse salto ta me matando.
- Você não devia trabalhar de salto. Continua.
- Então decidiram colocar um marca passo.
- Coitado, morreu na cirurgia?
- Não, não precisou fazer.
- Porque?
- Morreu antes.
- Arritmia?
- Não, traumatismo craniano.
- Problema cardíaco causa traumatismo?
- Acho que não.
- Então...?
- Antes da cirurgia ele foi ao banheiro.
- Qual a relevância?
- Quando ele foi ao banheiro morreu.
- Ainda não entendi como.
- Pra chegar ao banheiro tem uma escada, ele caiu da escada.
- Bateu a cabeça e morreu?
- Exato.
- AI!
- Que foi?
- Torci meu pé.
- Nossa, ta feio mesmo.
- Ta doendo. Leva essas pastas pra mim na sala da Cláudia.
- Levo.
- Rápido!
- Ok, não quer que eu te leve no hospital?
- Não, obrigada.
- É melhor, ai eles fazem uns exames e passam alguma coisa nesse pé.
- Não, já to boa.
- Você tá pulando num pé só.
- Vamo, eles examinam bonitinho.
- Mas e o enterro?
- Esquece o enterro, vamos e eles passam alguma coisa.
- Promete que não vai ser Gelol?
PS: Primeiro o Bonaldi, agora o Tyler. O que será das minhas quintas a noite?
Boa sorte internacional pra vocês. Escritores exilados. E saibam que esse forno de cidade é mais legal. Muito mais legal.
Ou não.
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