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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Independência ou morte

Estava conversando com o meu pai, sobre mais um dos meus questionamentos, e disse: Eu nasci na geração errada, pus me a explicar o porque.

Nós, nascidos pelos arredores dos anos noventa, fomos criados para sermos independentes. Fazemos parte de uma geração de auto-suficientes, que tem à mão todos os tipos de aparelhos e informações. Temos autonomia, temos velocidade, somos uma geração drive-thru, geração de pronta entrega.

Temos carros pré-moldados, e opiniões também.

Somos os pós-reacionários, temos a rebeldia e não achamos a causa. Temos a internet e movimentações políticas cibernéticas. Somos protestantes sentados.

Ganhamos tudo pronto, com manual de instrução em linguagem simplificada. Vivemos de atalhos e Ctrl+C, Ctrl+V. Temos nossos carros parcelados em 48 vezes, computadores em um celular, temos tudo de mão beijada pela eficiência.

Somos a geração do foda-se, do relaxa que depois da certo. A geração dos acomodados que não perdem nada. E, vivemos em uma sociedade em que inteligentes são aqueles que ganham sem esforço, onde o dinheiro vale mais do que o trabalho.

Temos tudo, temos rápido e temos agora.

Não só no material, somos expressos em nossos relacionamentos, aprendemos que quando algo quebra é preciso jogar fora. Inclusive nossos amores.

Somos a geração micareta, a geração não lembro se eu beijei. Nada mais nos prende, nem dinheiro, nem casamento, nem necessidade. Temos tudo ali, e no entanto não temos nada.

Nossos namoros duram quinze dias, as vezes eles nem acontecem. Nossas amizades duram o período letivo, somente a festa dura pra sempre.

Falei por horas sobre isso, sobre essa geração que jogava cobrinha escondido no celular da mãe. Sobre nós que vimos a tela do celular ganhar cor e virar touch, e ele me disse:

- Filha, você está errada. Nessa geração de independência, uma coisa nos prende, e só ela, porque o resto nós conseguimos sozinhos. Sabe o que é?

- Não pai, não sei.

- É a palavra que você tanto evita porque pensa que é clichê.

-O amor?

- É, o amor. Na sua geração, você sabe que quando suas amizades durarem anos, existe amor, quando seu relacionamento perdurar, existe amor, quando alguns objetos forem guardados pela história ou por carinho, existe amor. Filha, vocês serão os primeiros a viver juntos por essência. Os primeiros a se casarem por amor, não por tradição, nem por obrigação ou circunstância.

Parei de transcrever a minha história aqui. Passei três dias relendo o que tinha escrito, e tentando acreditar nas palavras do meu pai. Estou tentando me convencer até agora. Meu pai tem 50 anos, eu tenho 19, ele provavelmente entende mais da vida do que eu. Ele deve ter razão. Eu queria que ele tivesse. Pra saber que em meio a tantas desventuras ainda existe algo. Qualquer algo que não seja só vazio, algo que signifique e que preencha. Um motivo pra tudo isso. Vou esperar 30anos, depois eu analiso.

5 comentários:

  1. Muuuuuuuito bom! Lindo, profundo e muito verdadeiro, gostei demais! s2

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  2. lindo lindo lindo...
    você consegue se expressar muito bem através das palavras.
    já cansei de te falar que você escreve extremamente bem, né!!
    muito bom, babe!!

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  3. Juhhh mtoooo bom, o final mtooooo locooo mew, jamais esperava por isso... curtiiii!

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  4. Interessante o ponto de vista do seu pai, Ju. Interessante mesmo.
    Romântico, bonito e válido.
    Assim como você, espero que ele esteja certo - Apesar de achar que o comodismo anda de mãos dadas com o amor, no caso da nossa geração.

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