Quer ler o que?

domingo, 7 de abril de 2013

Hermano

A pressão nos ouvidos, os bocejos com ausência de sono, a torcida para que ninguém sente ao seu lado pra poder dormir melhor, o barulho ensurdecerdor que depois de alguns minutos passa despercebido, as comissárias de bordo andando de um lado para o outro dizendo para que você coloque sua bolsa em baixo do assento a sua frente, afivele o cinto, volte a cadeira para a posição inicial... Tudo isso é contagioso, muito contagioso.

Eu fui infectada por esse vírus há algum tempo. E como todo vírus, ele pode não estar visível para os outros em atividade, mas ele mora em você.

Estou no avião e ganhei na loteria. Ninguém sentou no conjunto de três cadeiras. Pernas esticadas, computador no colo, fone de ouvido (ao contrário do tiozinho vendo vídeo de futebol no ipad), e um chocolate. Sim, comprei um Lindt no Free shop.

Queria intensamente estar em vários lugares ao mesmo tempo (poderia inumerá-los, não vou). Mas um dos lugares é aqui mesmo. De cabelo sujo, moletom de boas lembranças e cheia de expectativas comedidas.

Quero chegar, descobrir novas respostas, reciclar as perguntas. Perceber mais uma vez que a terra é muito grande e eu sou muito pequena. Lembrar que, por mais que eu tente, não posso abraçar o mundo e nunca vou ver dele tudo o que eu deveria. Ver o que está fora para tentar entender o que está dentro. É uma necessidade vital que me gera entendimento. E inevitávelmente muda as perguntas. Mas a vida é assim, a gente nunca alcança, nunca ultrapassa.

Só peço que venha. Venha em formato de avalanche e arrebata tudo que não está no lugar. E o que estiver que se mantenha. Hasta la vista, chicos.

Um comentário:

  1. Acho que foi sua mãe que me disse uma vez que quando a mosquinha da viagem pica a gente, não tem mais volta. Você vai querer viajar sempre, cada vez mais. E cada vez mais vai perceber o quanto é pequena para o mundo, apesar de saber que cabe um mundo todo aí dentro desse coração.
    Boa viagem! Não sei quanto tempo vai ficar, nem mesmo se já voltou, mas aproveite ao máximo!

    ResponderExcluir

Receber comentário anônimo não faz sentido. Assinem!