Era um homem Gordo. Muito Gordo. Tinha a palavra “repugnância” subentendida na testa, e olhos fundos.
A camiseta tinha uma estampa silcada desaparecendo as partes e deixava um pedaço da barriga, pendurada pra fora da calça, aparecendo. Uma faixa de pelos em pequenos redemoinhos entre o verde da parte de cima com o jeans azul sujo de terra. O jeans era fechado apenas pelo zíper, deixando o botão aberto, tinha as barras com rasgos provocados pelos passos e uma ponta pendurada que ficava por baixo do chinelo “havaianas” azul claro de sola branca, que àquela altura era marrom.
Em uma mão, o homem mantinha um copo americano de bar preenchido até a metade com uma cerveja quente e aparentemente sem gás. Na outra, um cigarro Derby Azul. Tinha terra entre a unha e a carne dos dedos, unhas lascadas, e anormalmente grossas. No pé, a unha do dedão encravada e com uma bolha de sangue seco.
O homem levava o cigarro a boca, beijando os dedos sujos até as digitais. A fumaça, ele não se dava ao trabalho de assoprar, simplesmente abria a boca esperando que ela se esvaísse depois de apodrecê-lo ainda mais. Quando abria a boca, se entrevia os dentes amarelos cobertos com tártaro e placa. Faltava-lhe um dente na parte inferior da boca, ao lado do canino no lado esquerdo. E na parte superior, um pedaço do dentre frontal direito não existia mais - Deve ter ficado em uma briga de bar.
Os olhos, os olhos tinham o dom do estupro, e despiam qualquer par de tetas que aparecesse ao alcance da vista. A barba lhe preenchia o rosto, com pelos disformes e parcialmente grisalhos.
Estava prostrado em um boteco amarelo, sua presença fazia as paredes descascarem, e seu cheiro incomodava aos clientes e aos passantes. Cheirava a enxofre e Jatobá, na camiseta tinha marcas de suor embaixo dos braços, deixando a área molhada de um tom verde escuro.
Ficava parado na beirada da porta, com os calcanhares apoiando o peso do corpo e os dedos ao ar.
Tinha um sorriso malfeitor, e raramente saia do batente da porta. Só saia para comer, se alimentava de Pepino, batata e salsichas em conserva. Salsichas Gordas. Gordas que nem ele.
Se isso foi um exercício de descrição, foi o melhor que li em muito tempo. em MUITO tempo!
ResponderExcluirSério, no terceiro parágrafo, comecei a sentir o cheiro do sujeito aqui. (e te garanto que não foi nada agradável)
Ótimo! Eu visualizei muito bem o gordo aqui. Tenho que treinar mais as descrições detalhadas, um dia eu chego nesse nível, rs. Parabéns, excelente post! =D
ResponderExcluirNooooooooooooooooaaaaaaaaaaaassaaaaaaaaaaaa... estou em um posto de rodovia........ o texto é tão descritivo...... senti e achei que esse cara estava ao meu lado!!!!.. apodrecendo a linha de meus botões.uuuuuuuuuuuuuaaaaaaaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu showwwwww
ResponderExcluirSapo
Olá Jullia....
ResponderExcluirO caso do Phineas Cage, descrito lá no Pequeno Inventário é verídico! Esta documentado, entre outros lugares, no livro "O Erro de Descartes".
Mudando de assunto: asquerosa sua descrição! E só por isso, já é muuuuito boa!
Parabéns pelo blog!
o que você tem contra as coisas gordas, moça?
ResponderExcluirê poder! Não tem problema que você esteja sem tempo. Vou ler tudo de novo... Amei o texto do gordo! Beijocas
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