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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Pouco a fode

Achou que fosse uma pessoa evoluída, mas descobriu que só era racional. Sabia a teoria e qual o posicionamento que deveria ter com relação aos fatos. Mas na realidade, não ficava feliz com a felicidade dele. Se sentia neutra, a ela nada interferia a felicidade do garoto, em palavras informais, a felicidade dele pouco a fodia. Na realidade só a fazia lembrar que ele já estava feliz e ela ainda estava na merda.

Infelizmente para ela, não estava feliz por ele, seria bom se estivesse, porque um pouco de felicidade a faria bem. Mas não. Sabia qual o procedimento lógico e sensato e é por ele que agia e pretendia seguir agindo, por pura racionalidade.

Se um dia ela tivesse a coragem de liberar seu lado emocional e permitisse que seu ID agisse livremente, provavelmente o encheria de tapas, e gritaria, com lágrimas grossas e quentes escorrendo dos olhos, inúmeras coisas incoerentes que exprimiriam o que sentia, apesar de não serem verossímeis. Mas também não sabia se isso iria promover um alívio, ou só o insultaria por uma vingança infantil e pessoal. Um ato desesperado de machucá-lo um pouco, de fazê-lo sofrer.

Mas racionalmente essa não era uma possibilidade, porque esse ato teria uma consequência, um distanciamento e um atestado de ‘tá vendo! Ela é desequilibrada’. E com isso só provaria a ele que a decisão por ele tomada teria sido de fato a melhor. E talvez, ele até se sentiria aliviado de ter se afastado antes da loucura dela interferir na sua vida. E a ela não mudaria nada, porque a dor do outro não diminuía a sua, Fazê-lo triste teria pra ela o mesmo efeito de vê-lo feliz. Pouco a foderia.

Não o queria triste, não o queria feliz. Só precisava tê-lo longe. Bem longe. Sem saber qual o feedback do seu dia, ou o feedback de seus amores, ou insatisfações. Precisava de distância pra poder se reconstruir. Só distância.

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