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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O banho

Adorava morar sozinha. Gostava de poder andar com qualquer roupa em casa e de não ter hora pra comer, dormir ou tomar banho. As 16h decidiu que seria um bom momento pra lavar o cabelo e limpar o corpo. Ligou o chuveiro, escovou os dentes enquanto esquentava, entrou embaixo da água morna e banhou-se. Fechou a torneira, abriu o Box e lembrou que a toalha estava estendida no varal que ela havia colocado no meio da sala. Eram cerca de dez passos até o destino, e foi.

A água do cabelo escorreu pelas costas, desceu pelas pernas e chegou a seus pés. No segundo passo caiu. Escorregou com o pé direito, foi apoiar com o esquerdo que deslizou pela água e em 2 segundos estava no chão. Bateu a coxa esquerda e o sobrepeito no chão e a cabeça no batente da porta do banheiro. Chorou.

Pensou, ‘não desmaie’ e chorou. Não pela dor, ou pela situação patética em que se encontrava., chorou porque sabia que ia levantar sozinha. Ia buscar sua toalha sozinha, ia se enxugar sozinha e ia cuidar dos roxos sozinha. Levantou-se, pegou a toalha, o corpo doía, se enxugou e sentou. Chorava.

A realização de que não existia um pai, uma mãe, uma irmã ou um amigo pra ajudá-la para todas as vezes que se machucasse se espalhou pelo corpo assim como a água do chuveiro. A bendita água do chuveiro. Enxugou as lágrimas, colocou uma roupa e viveu. Eram os ônus dos bônus.

2 comentários:

  1. Nossa Júllia, adoro os seus textos, senti esse tão "eu"!

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  2. E novamente: todo mundo precisa de alguém que precise de alguém !

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