- Pedro! Pedro!
- Oi! Tudo bem?
- Tudo! É verdade que você ta namorando?
- É!
- Não acredito!
- Como você sabe?
- O pessoal tava comentando... e faz tempo?
- Ah.. uma duas semanas!
- Ai que lindo! E como ela é?
- Han.. morena, bonita, alta..
- Morena? Achei que você preferisse as loiras.
- Mas com ela é diferente. Um cabelo comprido. Lindo!
- Tipo até a cintura?
- É... tipo até a cintura.
- Ta gostando muito dela?
- Nossa, demais! Casaria com ela, até.
- Mas e se você não gostar mais dela até lá?
- Acho que vou gostar pra sempre!
- Pra sempre é muito tempo.
- Não o suficiente.
- Você não sabe nem se vai estar vivo amanhã.
- Larga a mão de ser pessimista!
- Não é pessimismo. É a realidade.
- Não vou discutir.
- Você nunca discute. Fala mais sobre ela!
- Ela quem?
- A namorada.
- Ah! Não tem como descrever!
- Ela é alta, né?
- É...
- Mais alta que você?
- Um pouco... na verdade, bastante.
- É inteligente?
- Olha, eu tenho que ir. Já estou atrasado e ainda tenho que passar pra ver minha namorada.
Caminhou até o ponto de ônibus da avenida principal e se sentou. Deu uma mordida no seu sanduíche e olhou pra cima. Viu na janela do segundo andar a menina morena e alta, de quem acreditava que iria gostar pra sempre.
"A primeira namorada. Tão alta,
que o beijo não a alcançava.
O pescoço não a alcançava.
Nem mesmo a voz a alcançava.
Eram quilômetros de silêncio.
Luzia na Janela do sobradão."
( Carlos Drummond de Andrade - Órion)
esse fico bom mesmo!
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